O sistema de arrefecimento é um componente vital para a saúde e a longevidade do motor de um veículo. Sua operação ocorre em um equilíbrio delicado para manter a temperatura na faixa ideal de trabalho, situada geralmente entre 90°C e 100°C. Quando esse equilíbrio é rompido, o resultado é o superaquecimento, um dos problemas mais destrutivos e onerosos que um motor pode sofrer.
Muitos condutores supõem que o uso de água é suficiente para manter o sistema em funcionamento. Contudo, essa prática constitui um erro grave que pode acarretar danos severos. O elemento chave para a proteção efetiva do motor não é a água, mas o fluido de arrefecimento, que consiste em uma mistura precisa de água desmineralizada e um aditivo específico.
Este artigo técnico esclarece por que o aditivo para radiador é um componente indispensável e detalha seu modo de atuação para impedir o superaquecimento e assegurar a integridade de todo o sistema.
O papel fundamental do aditivo no controle de temperatura
O superaquecimento acontece quando o sistema de arrefecimento perde a capacidade de dissipar o calor gerado pela combustão do motor. O uso exclusivo de água é ineficaz por uma razão física elementar, pois a água pura entra em ebulição a 100°C ao nível do mar. Em um sistema pressurizado, esse ponto de ebulição eleva-se ligeiramente, mas permanece perigosamente próximo à temperatura normal de operação do motor.
É nesse ponto que o aditivo para radiador demonstra seu valor primordial.
- Aumento do ponto de ebulição: a principal função do aditivo, cuja base é geralmente o etilenoglicol, consiste em alterar as propriedades físicas da água. A mistura correta eleva o ponto de ebulição do fluido para temperaturas superiores a 120°C. Essa margem de segurança é crucial, pois impede que o líquido ferva sob uso intenso, como em congestionamentos ou subidas de serra, prevenindo a formação de bolhas de vapor que são prejudiciais à troca de calor.
- Redução do ponto de congelamento: em locais de clima frio, a água pura congelaria a 0°C. Ao congelar, seu volume expande-se, o que pode ocasionar fissuras no bloco do motor ou no radiador. O aditivo, por sua vez, reduz o ponto de congelamento para temperaturas negativas, protegendo o motor em qualquer condição climática.
Mais que um antifervura: as funções de proteção do aditivo
A proteção contra o superaquecimento é apenas uma parte da funcionalidade. Um aditivo de qualidade oferece uma proteção integral ao sistema, algo que a água pura não consegue proporcionar.
- Inibidores de corrosão: a água, em especial a de torneira, possui minerais e cloro que aceleram o processo de corrosão das partes metálicas do sistema, como o radiador, a bomba d’água e as galerias do motor. O aditivo contém inibidores que formam uma película protetora, a qual neutraliza a ferrugem e a oxidação que poderiam obstruir o sistema e gerar falhas.
- Lubrificação do sistema: o aditivo lubrifica componentes vitais, com destaque para o selo da bomba d’água. Sem essa lubrificação, o selo resseca, sofre desgaste prematuro e provoca vazamentos, que estão entre as principais causas de superaquecimento.
- Prevenção de depósitos: a mistura correta previne a formação de incrustações e depósitos minerais, conhecidos como calcificação, que funcionam como isolantes térmicos. Isso dificulta a dissipação de calor e reduz a eficiência de todo o sistema.
Tipos de aditivos: orgânico vs. inorgânico
É fundamental selecionar o tipo de aditivo correto, em conformidade com as especificações do manual do fabricante do veículo. A mistura de tipos distintos pode anular suas propriedades e resultar na formação de borra.
- Aditivos inorgânicos (IAT): representam a tecnologia mais antiga, com base em silicatos. Oferecem boa proteção, porém possuem uma vida útil mais curta, o que exige trocas mais frequentes, geralmente a cada um ou dois anos.
- Aditivos orgânicos (OAT): constituem a tecnologia mais moderna, que utiliza ácidos carboxílicos. Não contém silicatos e proporcionam uma proteção de longa duração, com intervalos de troca que podem alcançar cinco anos ou mais. São os mais comuns em veículos novos.
Consequências de negligenciar os aditivos para radiadores

O uso de água pura ou de um aditivo de baixa qualidade representa uma economia que resulta em custos muito superiores no futuro. As consequências dessa prática incluem:
- Corrosão e obstrução do radiador.
- Falha prematura da bomba d’água.
- Danos à válvula termostática.
- E o mais grave, o superaquecimento, que pode levar à queima da junta do cabeçote ou mesmo ao empenamento do bloco do motor, o que exigiria uma retífica completa.
Portanto, o aditivo para radiador não é um item opcional. Trata-se de um fluido de engenharia essencial, projetado para assegurar que o motor opere em sua temperatura ideal, protegido contra a corrosão e o desgaste. A verificação regular do nível e da condição do fluido de arrefecimento, assim como a realização da troca completa nos prazos recomendados, constituem um dos procedimentos de manutenção mais importantes para garantir um motor saudável e confiável.